TRANSCRIÇÃO DE ÁUDIO
Olá! Meu nome é Melissa e este é o Assunto de menina, o Podcast que incentiva a ciência por e para mulheres.
Inspired by Kevin MacLeod
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Considerando que já abordamos cinco cientistas estrangeiras, acho que nada mais justo do que escolher Bertha Lutz como protagonista do sétimo episódio do Assunto de Menina, conhecida como expoente brasileira da luta feminina por direitos sociais e políticos.
Bertha Maria Júlia Lutz nasceu em São Paulo em 2 de Agosto de 1894, sendo filha da enfermeira Amy Fowler e do conhecido médico Adolfo Lutz. Quando tinha 14 anos foi enviada para estudar na Europa, concluindo o Ensino Médio na Inglaterra e logo depois cursou Ciências Naturais com especialização em anfíbios anuros pela Universidade Francesa Paris-Sorbonne. Observa-se aqui uma grande influência de seu pai, uma vez que esse foi um grande cientista cujas áreas de atuação vão desde a parasitologia até a botânica.
Posteriormente, Bertha retornou ao Brasil e exerceu o ofício de tradutora no setor de Zoologia do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, e em 1919 ocupou o cargo de secretária do Museu Nacional, também no Rio, após ter passado em primeiro lugar em um concurso público. É importante ressaltar que o funcionalismo público naquela época era restrito aos homens, ou seja, sua admissão foi contestada por outros concorrentes e só depois de um parecer jurídico que Bertha foi autorizada para exercer o cargo. Ela trabalhou na instituição até 1964, aposentando-se como chefe do setor de botânica.
Já em 1922, foi representante brasileira na assembléia geral da Liga das mulheres eleitoras - destaco que o voto era vedado às mulheres no Brasil -, sediada nos Estados Unidos e elegendo Lutz como vice presidente da sociedade Pan-Americana. No mesmo ano, Inspirada por ideais sufragistas ingleses, criou a Federação Brasileira para o Progresso Feminino, que tinha em vista os direitos trabalhistas e direitos como um todo das mulheres e que se tornou, em 1925, a União Interamericana de Mulheres, contanto com Bertha na presidência. Esta entidade detinha as mesmas concepções da anterior mas contava com novos objetivos, tal como a criação de diretórios em estados e municípios.
Conquistaram em 1932, durante o governo Vargas, a implementação do voto feminino, o qual tinha restrições econômicas e só foi equiparado ao masculino em 1965. Já em 1933 obteve sua segunda graduação, dessa vez em Direito, pela Faculdade do Rio de Janeiro e publicou sua tese denominada “A nacionalidade da mulher casada”, em que defendia os direitos jurídicos da mulher. E na eleição de 1934 estabeleceu-se como suplente de Cândido Pessoa, o qual veio a falecer em julho de 1936, possibilitando que Bertha assumisse o cargo na Assembleia Nacional Constituinte. Em seu mandato orquestrou pela alteração da legislação trabalhista no que tangia à mulher e ao menor, propondo isonomia salarial, licença de um trimestre à gestante e redução da jornada de trabalho de 13 horas na época. Entretanto, em virtude do Estado Novo, os órgãos legislativos foram dissolvidos, assim como seu posto.
Já em 1945, marcou presença na Conferência de São Francisco, a qual culminou na Carta da ONU. Ao lado de Minerva Bernadino, lutou pela presença da Igualdade de Gênero na resolução, impondo suas concepções em meio a 850 delegados, 50 países e somente 6 mulheres. Mesmo tendo sido ridicularizada por diplomatas inglesas e estadunidenses, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Mills College e se destacou em um ambiente sem nenhuma representatividade. Tão considerável foi seu desempenho que, convidada pelo Itamaraty, discursou em 1975 na Conferência do Ano Internacional da Mulher.
Além de todo o exposto, há outros feitos notáveis de Lutz que não consegui definir em uma ordem cronológica, sendo eles:
Organizadora do primeiro Congresso Feminista do Brasil
Discutiu, na Organização Internacional do Trabalho, questões protecionistas do labor feminino
Integrou a Conferência Internacional da Mulher realizada em Berlim
Fundou a União Universitária Feminina, a União Profissional Feminina e a União das Funcionárias Públicas
Bertha Lutz faleceu aos 84 anos, em 16 de Setembro de 1976. Seu patrimônio bibliográfico permaneceu no Museu Nacional até o dia em que a instituição foi assolada por um incêndio, o qual destruiu o legado da cientista e o de tantos outros tesouros brasileiros.
Inestimável a importância dos feitos dessa mulher, os quais tornaram a realidade da minha geração um pouco mais próxima de seus ideais. Acho que gratidão é o que devo à Bertha Lutz, isso que é ser brilhante.
Eu sou apaixonada no Studio Ghibli por muitos motivos e dentre eles está justamente a representatividade feminina que os filmes carregam. Sendo assim, a recomendação da semana será um conjunto das minhas animações favoritas, as quais eu tenho certeza que cativarão você do começo ao final. A viagem de Chihiro, Princesa Mononoke, Meu amigo Totoro, O serviço de entregas da Kiki, O Conto da Princesa Kaguya e Castelo Animado, creio que todos estão disponíveis na Netflix, então bom proveito.
Eu queria agradecer muito pela sua audiência e falar que cada ouvinte é muito importante para atingir o nosso objetivo. Se você tiver alguma sugestão ou opinião não hesite em enviar um e-mail para assuntodemeninacast@gmail.com ou uma mensagem para @assuntodemeninacast no Instagram ou Facebook. Você também pode acompanhar nosso site, lá serão postadas as transcrições dos áudios e assuntos pertinente ao tópico. Os links para as Mídias Sociais e da Trilha sonora serão disponibilizados na descrição desse episódio. Novamente, meu muito obrigada!
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